O fagote de shatner
e Outros Contos
Sim, o Shatner do título é o actor cromo de Star Trek, se bem que na perspectiva de Where’s Captain Kirk?, canção da banda punk Spizzenergi. William Shatner é referido no livro, mas não está nele. Na verdade, nem o autor sabe onde está. Do dito Shatner só interessa para o enredo que, num episódio desse clássico televisivo de ficção científica, era ele o fagotista de um grupo de música de câmara. Logo à partida, as referências musicais deste novo caudal de Rui Eduardo Paes – porque é de um livro sobre música que se trata – estão no rock e na clássica, ainda que para falar de jazz, de improvisação e dessa música que se diz ser experimental. Também se passa pelo hip-hop queer e pelo nintendocore, por exemplo, porque afinal nenhuma forma de arte é uma ilha e tudo está, de alguma maneira, interligado. Até quando o que encontramos são as desassociações reais ou quimicamente induzidas que constituem a realidade. Os contos desta, nas páginas que aqui estão dentro, são os do sexo, da loucura e da morte. A música não comunica nada, segundo Gilles Deleuze? Mentira: comunica-nos o desejo, esse grande motor do nosso quotidiano, a esquizofrenia que nos define como humanos e a atribulada relação que temos com a Grande Ceifeira. Para ler em ritmo de corrida, porque foi escrito em ritmo de corrida.
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