“Defiant Ilussion”: um disco operado pelo millenium bug
O acaso tem as suas próprias lógicas e justificações. Calhou que o título do álbum conjunto de Carla Santana, José Lencastre, Maria do Mar e Gonçalo Almeida editado pela A […]
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Em 2005 fui bater à porta da minha editora de então, a Hugin, para entregar um novo livro, “Senso-Sentido”, este em parceria com Carlos “Zíngaro”. Ninguém abriu: a Hugin tinha fechado e os seus responsáveis nada me disseram. Tentei outras editoras, mas obtive de todas a mesma resposta: não. O livro era quadrado, ficava caro por causa do corte de papel, e acabou na gaveta. Ou melhor, num CD-R guardado numa caixa em casa do meu irmão Carlos, que se encarregara da paginação. Pois acontece que ele encontrou agora esse backup. Fica aqui disponibilizado em PDF um capítulo de tal empreitada. E virá depois um outro, se gostarem.
Carlos “Zíngaro”: imagem
Rui Eduardo Paes: texto
Carlos Paes: design e paginação
a música nos anos de pandemia
Vaxzevria Cantus é sobre a música que sobreviveu à pandemia e aos confinamentos, a música que foi criada e apresentada em circunstâncias quase apocalípticas, muitas vezes exercendo a desobediência e cultivando o confronto. Como em obras anteriores de Rui Eduardo Paes, trata-se de um complexo emaranhado semiótico. Especulação, análise crítica e informação convivem fragmentariamente, no primeiro capítulo, com poesia erótica, partituras em prosa à maneira das operações Fluxus, citações em bruto, simbologias ocultistas, melopeias e até uma playlist para rádio, sempre em explosões de sentido. Na segunda parte do livro estão entrevistas com alguns protagonistas desses anos de pasmo, paranóia e incerteza, os de 2020 a 2023. Depressa se percebe que o alargamento perspectivo não coincide com as características estipuladas para a “não-ficção”: o que aqui o leitor encontra é impossível de categorizar, de catalogar, de colocar numa prateleira. Este é um livro insurgente, de um autor desconformado, alinhado com a ideia de Paul B. Preciado de que estamos em pleno curso de uma mutação planetária: a do começo do fim do realismo capitalista, uma passagem para outra epistemologia terrestre, uma nova oportunidade para a «hipótese revolução».
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Sabemo-lo há demasiado tempo: os poderes históricos desta ficção a que chamamos Portugal têm tido uma enorme dificuldade em reconhecer os seus valores – até com Camões, o poeta dos […]
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Paulo Curado deixou, decididamente, uma pegada funda nesta parte do mundo em que vivemos e que ele deixou na passada semana, sem ter verdadeiramente deixado. No sábado 9 de Março […]
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Seguir o rasto de um punhado de músicos da improvisação durante um determinado período de tempo é verificar toda a essência móvel, realizada por imbricações e desdobramentos, que define e […]
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Último dia do Spectra LX, na Casa do Comum, a 28 de Janeiro de 2024, iniciativa da label Creative Sources. Duas propostas assaz aliciantes: a reunião da pianista Luísa Gonçalves […]
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Dei uma vista de olhos pelas (poucas) listas de melhores concertos de 2023 e este não consta. Não me surpreende: foi a primeira parte de uma double bill que tinha […]
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Morreu a 7 de Janeiro de 2024, com 90 anos, e posso dizer que era meu amigo. Quando entrava numa sala, com os olhos a apanharem todas as caras, todos […]
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Uma característica dos labirintos que tem a maior relevância é o facto de os seus caminhos serem por si mesmos as delineações e as fronteiras, e não propriamente as sebes […]
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Dizia Einstein que as coincidências são a maneira de Deus permanecer anónimo. Independentemente de acreditarmos ou não em alguma divindade, o certo é que as coincidências, quando acontecem, nos deixam […]
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À falta de um Outonal, prolongamento do MIA – Encontro de Música Improvisada da Atouguia da Baleia na altura do ano em que as folhas das árvores começam a cair, […]
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Florescências selvagens? Arranjos florais, com todo o método e requinte? O trio Flora de Marcelo dos Reis (guitarra, composições) com Miguel Falcão (contrabaixo) e Luís Filipe Silva (bateria) oferece, no […]
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Um tempo (entre o final da década de 1970 e o início da de 80) houve na evolução da música livremente improvisada em que as cordas de arco eram encaradas, […]
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Em Portugal como no resto do mundo, a tendência dominante da livre-improvisação musical é aquela cujo corte epistemológico…
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Nascido na Ilha de Moçambique em 1961, Rui Eduardo Paes é uma referência no jornalismo cultural português. Com 38 anos de carreira, destacou-se na música, dança e arte intermedia. Autor de 10 livros, foi editor da revista jazz.pt e curador do ciclo Jazz no Parque. Reconhecido como um dos melhores jornalistas pelo professor Mário Mesquita, sua abordagem eclética o torna um crítico musical único em Portugal.